23/9/2025

Uma intercorrência durante um atendimento no Hospital Regional de Taguatinga (HRT) levou a cirurgiã-dentista Andréia Aquino a desenvolver um equipamento inédito. Ao atender um paciente adulto com Transtorno do Espectro Autista (TEA) de nível 3, a espátula de madeira usada como abridor de boca quebrou e feriu a mucosa, despertando a necessidade de uma solução mais segura. Especialista em atendimento a pessoas com deficiência (PCD), Andréia percebeu a ausência de produtos adequados no mercado e decidiu criar um abridor de boca em silicone – reutilizável, esterilizável e confortável. O equipamento, lançado em 2020 após cinco anos de pesquisa em parceria com uma empresa nacional, foi distribuído nos Centros de Especialidades Odontológicas (CEO) da Secretaria de Saúde do DF e hoje já é usado em UTIs, consultórios odontopediátricos e até em outros países, como a Bolívia. O impacto também chegou às famílias. A cirurgiã-dentista Monique Moisés contou que o recurso facilitou os cuidados com o avô, de 93 anos, com doença de Parkinson, reduzindo riscos de infecção. Para Andréia, esse retorno é a maior motivação: “Não há nada mais gratificante do que ver a mudança no paciente e o brilho no olhar da família quando percebe que pode contribuir com o cuidado bucal”, afirma. Com mais de 30 anos de atuação no SUS, Andréia segue buscando soluções inovadoras. Além do abridor, criou um grupo de terapia comunitária para mães atípicas, que promove encontros mensais de acolhimento e troca de experiências. “Tudo o que sou como profissional aprendi no SUS. Agora sinto que posso retribuir um pouco do que recebi”, conclui.