* Pesquisa realizada por estudante de arquitetura aponta falhas na Praça do Relógio, em Taguatinga

15 10 2022 flagrantepesquisapraçadorelógioTaguatinga15/10/2022

Uma das praças mais populares do Distrito Federal, a Praça do Relógio, principal cartão postal de Taguatinga, foi objeto de pesquisa de autoria da estudante de Arquitetura e Urbanismo, do Centro Universitário de Brasília (CEUB), Alexandra Salomão. O projeto acadêmico avaliou a acessibilidade do espaço público e os desafios enfrentados por pedestres que transitam no local, como falta de estrutura, segurança, transporte, trânsito e comércio. Nesse sentido, a estudante do CEUB, que tem 27 anos e mora em Taguatinga, decidiu investigar os problemas da praça, elencar os motivos do abandono e segregação aparente, para propor políticas públicas de urbanização para o espaço aos órgãos competentes. A escolha da cidade como estudo de caso ocorreu pelo fato de ser um dos primeiros núcleos urbanos do DF, fundado em 1958. De acordo com relatório divulgado pela Codeplan, a cidade possui 212.154 mil habitantes, sendo a terceira RA com maior população do Distrito Federal. Para realizar a pesquisa, a acadêmica aplicou a metodologia baseada no índice de caminhabilidade desenvolvido pelo Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), em parceria ao Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), órgão da Prefeitura do Rio de Janeiro, e a Pública Arquitetos em 2016. Baseado em um cálculo, esse índice busca avaliar as condições do espaço urbano para o pedestre. Durante o estudo, a Praça do Relógio foi analisada por seis diferentes categorias: calçada, mobilidade, atração, segurança viária, segurança pública e ambiente. De acordo com a síntese do resultado do Índice de Caminhabilidade das categorias e indicadores apurados analisados pela aluna de Arquitetura e Urbanismo do CEUB, a Praça do Relógio necessita de medidas emergenciais de revitalização, para garantir a mobilidade e acessibilidade da população. O cálculo aplicado pelo ITPD aponta como “insuficientes” a pavimentação, as calçadas, as travessias, a iluminação e os espaços com sombra e abrigo. Em uma pontuação de 0 a 3, as categorias obtiveram nota insuficiente. Sobre a dimensão das quadras e distância a pé ao transporte, as notas recebidas foram “bom” e “ótimo”, reforçando o ponto estratégico e a boa localização da praça central. Os fatores que avaliaram a poluição sonora, coleta de lixo e limpeza foram considerados suficientes de acordo com os cálculos aplicados na pesquisa. Orientador do projeto, o professor de Arquitetura e Urbanismo Sávio Guimarães explica que a análise reforça a necessidade de reavaliar as cidades por meio de políticas intersetoriais, para que sejam implementadas de maneira mais eficiente medidas que contribuam positivamente na qualidade de vida. Uma cidade vinculada à ideia de sustentabilidade oferece a possibilidade de caminhar com segurança e qualidade, pode apresentar estratégias como fachadas ativas com atividades diversificadas, integração nos modos de transporte, presença de áreas de sombra e ventiladas, ambientes que estimulem o convívio social, a prática de exercícios físicos ou mesmo descanso mental, além de iluminação, limpeza urbana, entre outros atributos, considera o Urbanista. Estudante do 10° semestre de Arquitetura e Urbanismo, Alexandra Salomão destaca que a pesquisa aponta a necessidade de aumentar o tempo do semáforo para os pedestres, pintar as faixas, implementar rampas para cadeirantes e pessoas com restrição na mobilidade, colocar piso tátil para cegos e melhorar a iluminação. “Reformar as calçadas em áreas, como praças, impactam positivamente no comércio. Assim, mais pessoas são atraídas pelo ambiente. Além disso, a população precisa ter uma área para encontros e momentos de lazer. O curso de arquitetura fortalece muito a ideia de pensar nas cidades para pessoas”, explica. “Sou pedestre, não uso carro e percebo diariamente a dificuldade no caminhar, além disso, Taguatinga é uma das cidades do DF com maior número de idosos. Temos que pensar também em espaços públicos adequados para pedestres, idosos e pessoas com deficiência, que sejam acessíveis, seguros e agradáveis, como um conceito perfeito de praça pública, um coletivo ponto de encontro e espaço de convivência,” destaca Alexandra.
Texto: Francisco Welson Ximenes
Foto: Agência Brasília