Biblioteca Braille em Taguatinga oferece aulas de forró para pessoas com deficiência visual

26 05 2025 flagrantebibliotecabraileforróTaguatinga26/5/2025

Às segundas-feiras, por volta das 15h30, o silêncio habitual da Biblioteca Braille Dorina Nowill, em Taguatinga, dá lugar ao som animado do forró e as risadas de um grupo muito especial. Há três meses, o espaço passou a receber aulas de dança voltadas para pessoas com deficiência visual, promovidas pela Associação Brasiliense de Deficientes Visuais (ABDV). Cerca de 20 participantes se reúnem semanalmente para descobrir, na dança, uma poderosa ferramenta de bem-estar, inclusão e socialização. Atualmente, a biblioteca pública é mantida por meio de uma colaboração entre a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF), a Secretaria de Educação (SEE-DF) e a Administração Regional de Taguatinga. “A nossa biblioteca é um lugar de convivência, de muita alegria. Aqui a gente conversa, dança, bate papo”, conta a fundadora da biblioteca e aluna animada das aulas de forró, Noemi Rocha. “Quando surgiu a ideia de trazer a aula de dança pra cá, recebemos de braços abertos”. Participante ativa das atividades, Noemi transborda bom humor e orgulho ao falar da evolução como dançarina. “Já sei fazer o ‘dois pra lá, dois pra cá’, o giro, o leque… dou até aquela rodadinha”, diz, rindo. “Antes eu não fazia nada disso. Agora me sinto uma bailarina, com meus lindos cabelos brancos.” Sobre a superação de desafios, ela reconhece que o início pode parecer difícil para quem tem baixa visão, mas garante que com a orientação certa tudo flui. “É só se jogar. O professor tem uma didática maravilhosa, ele ensina passo a passo e a gente presta muita atenção. Quando vê, já está rodando, trocando de posição, fazendo os movimentos com leveza. Me sinto muito à vontade.” Para a presidente da ABDV, Helena Pereira, a instituição garante direitos e promove o empoderamento das pessoas com deficiência, e a dança contribui diretamente com isso. Ela explica que a atividade vai muito além da movimentação física. “A dança liberta. Melhora nossa coordenação motora, nossa mobilidade e, principalmente, proporciona inclusão e socialização. Muitas vezes, em festas ou eventos, pessoas com deficiência acabam isoladas. Alguém oferece uma cadeira e pronto, a gente fica de lado. Mas nós queremos mais do que isso. Somos pessoas e queremos viver plenamente." A biblioteca funciona de segunda a sexta, das 8h às 17h. As aulas de dança acontecem às segundas-feiras, das 15h às 16h30. Os participantes costumam chegar meia hora antes para se preparar. Depois da aula, é feito um lanche colaborativo e o grupo troca impressões sobre os passos, o que funcionou bem e o que pode melhorar. O objetivo é conviver, socializar, se movimentar e fortalecer a autoestima.

Foto: Agência Brasília